E se o avanço da inteligência artificial for um convite para nos conectarmos com o que nos faz verdadeiramente humanos?
in Estratégia Digital
Na busca por velocidade e eficiência, a tecnologia digital está nos adoecendo. Que tal refletir sobre como a IA pode contribuir para uma vida mais leve e criativa?
Os debates sobre o impacto da Inteligência Artificial estão cada vez mais intensos e nós, aqui da Elos, queremos compartilhar algumas de nossas percepções sobre o tema.
A busca por uma vida mais leve e criativa é o que guia nosso time e nosso negócio, por isso temos conversado sobre como essa ferramenta poderosa pode contribuir para o nosso propósito.
Mas, para compreender o valor dessa revolução, precisamos olhar para trás e refletir sobre a jornada humana na era digital.
A velocidade que adoece
Desde que a internet chegou por estas terras, temos acelerado nosso ritmo de vida a uma velocidade vertiginosa. Um ímpeto desenfreado por produtividade e conectividade constantes que trouxe consigo um preço alto: o estresse crônico e a pressão para atingir metas inatingíveis aumentaram exponencialmente os casos de burnout.
Diversas pesquisas sugerem que o fenômeno está diretamente ligado à nossa incapacidade de desconectar e pausar, nessa corrida implacável para nos mantermos “sempre à frente”.
Mas se é verdade que a IA é resultado dessa busca incessante por mais produtividade, velocidade e eficiência, também é verdade que ela pode nos apoiar a nos libertar dessas mesmas correntes.
Afinal, estamos falando de um conjunto de sistemas e algoritmos cada vez mais complexos, porém criados para simular a inteligência humana e para funcionar como uma extensão das nossas capacidades.
Como afirma o neurocientista Miguel Nicolelis, a IA não é nem inteligente, nem artificial: ela é 100% moldada por mãos humanas e orientada pelos valores que compõem a nossa sociedade, incluindo aqueles dos quais não temos motivo para nos orgulhar.
Que Inteligência Artificial queremos?
Uma das grandes proezas da IA é a sua capacidade de assumir tarefas repetitivas e operacionais, liberando nosso tempo para o que realmente importa: a criatividade, o pensamento crítico, a interação humana e, claro, a diversão.
E mesmo que as máquinas possam processar dados com uma velocidade e precisão que desafiam os limites humanos, a responsabilidade pelas decisões finais continua em nossas mãos.
Imagine um mundo onde as horas não são mais devoradas por inúmeras tarefas administrativas, sobrando mais tempo para a inovação, a arte, o fortalecimento de relações e a construção de um mundo mais justo, equânime e diverso?
Sim, é isso o que queremos!
Mas essas mesmas promessas começaram a existir há pelo menos dois séculos, com o início da Revolução Industrial. De lá pra cá, no entanto, o que vimos acontecer foi exatamente o oposto – e o cenário atual pode piorar ainda mais, adivinhem com a ajuda de quem? Isso mesmo, da IA.
Basicamente, como todas as ferramentas e inovações que criamos desde que chegamos a este planeta, elas nascem idealmente para construir, mas também podem destruir.
Ao lançar um olhar crítico para esse cenário, há pouco espaço para afirmações taxativas e muito espaço para perguntas que seguem em aberto:
- Que valores e propósitos guiam as pessoas responsáveis pela decisão sobre a quais objetivos essas inovações irão servir? De que forma eles podem impactar nosso dia a dia e o nosso futuro?
- Como podemos nos reconectar com o que nos faz humanos em uma era definida pela tecnologia?
- Como podemos cultivar a empatia, melhorar nossas habilidades de relacionamento e viver de maneira autêntica em comunidades cada vez mais digitais?
Sim, os questionamentos são inúmeros e estamos encarando cada um deles como uma espécie de farol, necessário para iluminar o caminho que desejamos construir daqui pra frente.
A gente acredita que a IA pode nos propiciar tempo para viver experiências mais ricas e criativas, focadas na realização de nossos propósitos.
Mas ousamos afirmar que isso só se torna realidade como uma construção coletiva, com a participação ativa da sociedade, de governos e de organizações dispostas a fazer essa transformação acontecer. O que pede de cada um de nós um olhar e um posicionamento ativo, coletivo e cada vez mais humano sobre o tema – e não o contrário.
Chris Marin
CEO e Diretora de Planejamento e Atendimento
chris@eloscomunicacao.com.br