Qual é o lugar das mulheres na tecnologia?
in Estratégia Digital
Atualmente, é um lugar de luta. Mas, entre avanços e retrocessos, existem boas perspectivas para a equidade de gênero
Você sabia que, a cada cinco pessoas que trabalham no mercado de tecnologia, apenas uma é mulher? A afirmação é da organização global Women in Tech, que apoia a equidade de gênero em áreas STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática).
Temos acompanhado as pesquisas sobre o tema e notamos que o progresso nesse sentido vem sendo gradual, mas ainda bastante desigual.
O relatório anual “Estado da Equidade de Gênero na Tecnologia”, que entrevistou 483 mulheres na área da tecnologia globalmente, foi lançado no Web Summit Lisboa 2023 e trouxe mais dados reveladores:
Pontos positivos
- 80,4% têm uma líder feminina sênior em suas empresas e se sentem empoderadas para buscar cargos de liderança.
- A maioria se sente respeitada pelos colegas de trabalho e 68% sentem que seu desenvolvimento profissional é apoiado.
Pontos negativos
- 53,6% sofreram sexismo no trabalho nos últimos 12 meses.
- 77,2% sentem que precisam trabalhar mais para provar seu valor devido ao gênero.
- 47% sentem que medidas apropriadas para combater a desigualdade de gênero não estão sendo tomadas – 21% a mais do que no ano anterior.
Quais são os principais desafios para mudar essa realidade?
Estes foram os três maiores obstáculos apontados pelas entrevistadas:
1. O viés inconsciente de cada dia
“Nossa! Pra uma mulher, você é muito boa nisso!”
Esse suposto “elogio” na verdade carrega uma série de preconceitos implícitos sobre a competência feminina. É o que chamamos de viés inconsciente, que influencia como percebemos, nos comportamos e tomamos decisões.
Todos nós temos algum viés inconsciente sobre algum assunto. O primeiro passo para superar preconceitos é perceber que os possuímos e, então, fazer um esforço consciente para mudar.
Quer outros exemplos?
- “Ela é muito emocional para lidar com essa situação” – subestima a capacidade de liderança e decisão de uma mulher.
- “Não acho que ela queira a promoção; ela tem filhos pequenos” – pressupõe que as responsabilidades familiares são um obstáculo para sua ambição.
- “Ela é muito mandona” – mulheres assertivas são frequentemente descritas com termos negativos que não são aplicados a homens que exibem o mesmo comportamento.
2. Família ou profissão?
Equilibrar as demandas familiares e a carreira é considerado o segundo desafio mais urgente: 42% das entrevistadas sentem a necessidade de escolher entre família e carreira. Vários fatores culturais, sociais e estruturais tornam ainda mais difícil conciliar responsabilidades pessoais e profissionais:
- Elas ainda assumem a maior parte do cuidado com a casa e com os filhos, ficando vulneráveis ao esgotamento e ao estresse e a oportunidades de carreira limitadas.
- Mulheres que optam por trabalhar em tempo parcial ou tirar licenças prolongadas para cuidar da família podem enfrentar obstáculos na progressão de suas carreiras.
- A ausência de opções como trabalho remoto, horários flexíveis ou licenças parentais adequadas dificulta significativamente o equilíbrio entre essas demandas.
“Para as mulheres, o trabalho híbrido ou remoto envolve muito mais do que flexibilidade. Quando elas trabalham remotamente, enfrentam menos micro agressões e têm níveis mais elevados de segurança psicológica.”
Relatório Women in the Workplace 2023, McKinsey
3. Ausência de mulheres em cargos de liderança
O relatório da Women in Tech mostrou que 76,1% das mulheres se sentem capacitadas para exercer e/ou manter uma posição de liderança. As chances de crescimento e ascensão na hierarquia, no entanto, ainda são muito baixas.
Em outro relatório da McKinsey sobre gênero no mercado de trabalho, publicado em 2023, as mulheres – e especialmente as negras – permanecem sub-representadas em todo o fluxo corporativo. Desde 2015, a participação feminina em cargos de chefia aumentou de 17% para apenas 28%.
Para elas, é desanimador fazer parte de uma organização sem representatividade feminina na liderança sênior, impactando o senso de pertencimento e a percepção de crescimento na carreira.
Como mudar a realidade das mulheres na tecnologia?
A Women in Tech realiza diversas ações de impacto global. Recentemente, a organização firmou parcerias para incentivar a presença feminina em alguns dos maiores eventos de tecnologia do mundo, como o Web Summit (Lisboa, Rio de Janeiro e Qatar) e Collision (Toronto), oferecendo 90% de desconto no ingresso.
O incentivo vem fazendo toda a diferença: o Web Summit Rio de Janeiro 2024, por exemplo, reuniu um número recorde de startups fundadas por mulheres, 45%. Isso em um país onde 95,3% das startups são fundadas por homens. Elas também representaram 47,5% dos participantes e 39% dos palestrantes.
A Chris Marin, nossa diretora, marcou presença no Collision 2023 por meio de uma dessas vagas.
E a Ju Câmara também voltou do Web Summit 2023 em Portugal com muitos insights.
Ainda temos muito trabalho pela frente!
A Women in Tech tem a missão de capacitar 5 milhões de mulheres e meninas nas áreas STEAM até 2030, por meio de ações em educação, negócios, inclusão digital e advocacy.
Esse trabalho nos inspira e convidamos você a se unir a esta jornada. A Elos é uma agência de liderança feminina, com um time majoritariamente feminino e seguiremos fazendo nossa parte para tornar essa meta uma realidade!
Que se unir a essa missão?
1. Junte-se à comunidade Women in Tech e acompanhe as novidades sobre essas e outras ações e parcerias pelo @womenintechorg.
2. Faça a sua própria revolução, todos os dias.
Mas lembre-se: você não precisa seguir só. Olhe ao redor e encontre sua rede. É com esse espírito otimista que as mulheres estão conquistando o universo STEAM e o mundo.
Juntas, damos passos cada vez mais firmes!